CRB - Círculo Rastafari de Benguela
O CRB é uma ONG Angolana criada desde 1994 na Província de Benguela,é composta por membros da Comunidade Rastafari em Angola e cidadãos jovens idóneos em geral. Tem a sua sede Provincial no Município do Lobito e representações em 3 municípios entre eles o Bocoio, Benguela e Ganda. Temos como sectores de intervenção a Educação Primária, educação cívica para Cidadania,Saúde Preventiva, Advocacia Social, Desporto, cultura e recreação infanto-juvenil.
sexta-feira, 30 de agosto de 2019
terça-feira, 26 de março de 2019
PROJECTO DE LEVANTAMENTO DE FUNDOS
Associação Circulo Rastafári de Benguela esta desenvolver um projecto de Levantamento de fundos de nominado "ONDJILA"para conclusão da construção do centro sócia Rastafári na província de Benguela, sinta no bairro 4 de Abril, Assim sendo esta aberta uma conta bancaria no banco sol :107970895
IBAN 004400000797089510185 ou podem contribuir com material de construção como bloco, cimento varam e chapas.
quarta-feira, 20 de março de 2019
Formação de Activistas comunitarios
No âmbito do fortalecimento das capacidades dos activistas voluntario o CRB esta a realizar um circulo de formação sobre as autarquias locais dentro das comunidades
quarta-feira, 3 de janeiro de 2018
Prevenção das ITS/VIH
/> CRB - esta realizar uma campanha de actividades de sensibilização contra as ITS/VIH nas escolas das zonas 6, 8 e 9 no município do Lobito
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
CRB Tem novos Órgãos Sociais e de Gestão
O CRB - Círculo Rastafari de Benguela, realizou no passado dia 30 de Julho de 2016 a sua assembleia Extraordinária para eleição de novos órgãos de Gestão.
Dickyaminy Sebastião Bokolo Rodrigues cessou o seu mandato de Director Executivo, cargo que ocupou de 2009 até 2016. dando lugar a Matias Nunda Mário que terá uma Missão até 2020.
Dickyaminy Sebastião Bokolo Rodrigues cessou o seu mandato de Director Executivo, cargo que ocupou de 2009 até 2016. dando lugar a Matias Nunda Mário que terá uma Missão até 2020.
ASSEMBLEIA
EXTRAORDINÁRIO DE RENOVAÇÃO DE MANDATOS
ACTA
Nº 02/2016
No dia Trinta de Julho de Dois Mil e
Dezasseis, decorreu na sede social
do Círculo Rastafari de Benguela sitia no Bairro 4 de Abril, Zona B Município de
Benguela das Nove às Dezasseis Horas, uma assembleia de carácter extraordinário
para a Eleição dos novos Órgãos Sociais e de Gestão do CRB.
Estiveram presentes Vinte e Sete membros
associados provenientes dos municípios de Lobito, e Benguela.
Na abertura da referida Assembleia, fez-se a leitura da Acta da reunião anterior
de balanço anual de 2015.
Após a leitura da acta da reunião anterior, passou-se para a reflexão
sobre o futuro dos Órgãos Sociais e de Gestão do CRB, tendo sido proposto pelo
Conselho de Anciões uma lista de Candidatos aos Cargos para os órgãos Sociais e
de Gestão da Associação.
Tendo sido reflectido a situação actual do CRB e os desafios sociais. Foram
assim eleitos os seguintes órgãos e membros:
1.
Conselho
Teocrático:
a)
Ritchy
Francisco Pascoal – Secretário para Assuntos Teocráticos.
b)
Carlos
Caluassi – Secretário Adjunto para Assuntos Teocráticos.
2.
Direcção
Executiva:
a)
Matias
Nunda Mário – Director Executivo.
b)
Ezequiel
Pereira Sebastião Gamboa – Coordenador de Programas e Projectos.
c)
Emaclaudita
da Conceição Cassoma – Administradora e Financeira.
Terminado o processo de eleição dos
membros responsáveis para cada um dos órgãos para um período de 4 anos. Ficou
concluído que, a Mesa da Assembleia de Membros e o Conselho de Anciões deverá
ser no dia 27 de Agosto de 2016.
Nada mais havendo, deu-se por encerrada
a Assembleia de renovação de mandatos e lavrou-se a presenta acta que vai
assinada pelo presidente da reunião por mim que secretariei e pelos membros
presentes.
Benguela aos Trinta
de Julho do ano Dois Mil e Dezasseis
Presidiu
Secretariou
____________________
_________________
Publicada por
CRB-Círculo Rastafari de Benguela
à(s)
quarta-feira, setembro 07, 2016
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Papel dos Ondjangos na Afirmação da Identidade Cultural Nacional: Um Contributo ao Processo de Ensino Aprendizagem da História de Angola (Tese de Licenciatura de Sebastião Bokolo Rodrigues)
A Tese de Licenciatura de Dickyaminy Sebastião Bokolo Rodrigues no Curso de Ciências de Educação na Opção de História pode se tornar num livro didáctico para apoiar os professores e pesquisadores da História de Angola.
Universidade Katyavala Bwila
Instituto
Superior de ciências da educação de
Benguela
Departamento de ciências sociais
Sector De História
O PAPEL DOS ONDJANGOS NA AFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL NACIONAL: UM
CONTRIBUTO AO PROCESSO DE ENSINO – APRENDIZAGEM DA HISTÓRIA DE ANGOLA NAS 10ª
CLASSES DAS ESCOLAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO LOBITO E II CICLO DO ENSINO
SECUNDÁRIO DO BOCOIO
Autor:
Sebastião Bokolo Rodrigues
BENGUELA
/ 2015
Universidade Katyavala Bwila
Instituto Superior de ciências da educação
de benguela
Departamento de ciências sociais
Sector De História
Trabalho
de fim de curso, para a obtenção do grau de licenciatura em Ciências da
Educação, opção de História
O PAPEL DOS ONDJANGOS NA AFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL NACIONAL: UM
CONTRIBUTO AO PROCESSO DE ENSINO – APRENDIZAGEM DA HISTÓRIA DE ANGOLA NAS 10ª
CLASSES DAS ESCOLAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO LOBITO E II CICLO DO ENSINO
SECUNDÁRIO DO BOCOIO
Autor: Sebastião Bokolo Rodrigues (Dickyaminy Bokolo)
O Tutor: Paulo Ângelo Sousa Costa
BENGUELA/ 2015
EPIGRAFE
Um povo que não conhece
seu passado histórico é como uma árvore sem raízes e jamais será afirmada a sua
identidade!
Marcus Mosiah Garvey
Discurso sindicalista
feito em Kingston “Jamaica” 1930
A Civilização Ocidental
não apagou inteiramente a minha educação africana e não esqueci os dias da
minha infância em que costumávamos juntar-nos à volta dos anciões da comunidade
para ouvir os seus relatos plenos de sabedoria e experiência.
Era esse o hábito dos
nossos antepassados e da escola tradicional em que fomos educados.
Nelson Rholihala Mandela (Madiba)
Excerto do Manuscrito de
sua autobiografia “Arquivo Íntimo” 2009
O fim último da educação
não é formar cidadãos que repitam o que os outros fizeram, mas cidadãos que
possam inovar para o progresso!
Paulo Freire
Pedagogo Brasileiro
AGRADECIMENTOS
Agradeço
antes de mais à Deus Todo Poderoso (JAH RASTAFARI) por me ter dado a vida e a
determinação de enfrentar este caminho espinhoso que é a vida acadêmica, ao
longo dos 5 anos de formação no ISCED – Benguela (Instituto Superior de
Ciências de Educação em Benguela).
A
minha Família (esposa Emaclaudita Cassoma e filhos Lucas, Ndikomõla e Nsimba
Tchissola Bokolo) que sempre foram o motivo da minha permanência nestas elites
acadêmicas e estiveram comigo nos momentos mais complexos desta caminhada.
Aos
Professores de História, estudantes, autoridades tradicionais e agentes
culturais nos municípios de Lobito e Bocoio que contribuíram para que as dúvidas
sobre o tema em referência fossem diminuídas e ou até esclarecidas ao longo da
recolha de informações/conteúdos para conclusão desta do trabalho.
Quero
ainda agradecer a todos que direta ou indiretamente contribuíram e têm
contribuído para que a minha vida acadêmica possa ser conciliada a vida
laboral, de líder e dirigente associativo, especialmente o colectivo de membros
e de funcionários da Associação CRB (Círculo Rastafari de Benguela), aos
docentes e discentes do ISCED – Benguela e o Tutor Paulo Ângelo da Costa, especialmente
os do Curso de História regular que me acompanharam durante os 5 anos de
formação acadêmica superior ao grau de licenciatura nesta Instituição.
Especialmente
o Mestre Alexandre Hongolo e o Colega Licenciado Simão Jaime Santos Luciano
pelo apoio incondicional na estruturação do trabalho que apresento.
INDÍCE GERAL
INTRODUÇÃO
----------------------------------------------------------------------------------
6
CAPITULO
I – O PAPEL DOS ONDJANGOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DA HISTÓRIA DE
ANGOLA ------------------------------------- 16
1.1. As
Várias Teorias e o Contexto dos Ondjangos ------------------------- 16
1.2. Incursão ao conceito de Identidade Cultural
------------------------------ 19
1.3. Analisando o Processo de ensino –
aprendizagem da História de Angola
-------------------------------------------------------------------------------------
22
CAPITULO
II – A REALIDADE DOS ONDJANGOS NA SOCIEDADE BENGUELENSE
-------------------------------------------------------------------------------24
2.1.
Situação dos Ondjangos no Município do Lobito ---------------------------24
2.2.
Situação dos Ondjangos no Município Bocoio ------------------------------26
CAPITULO
III – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ----------------- 28
3.1.
Resultados dos Inquéritos aplicados
aos alunos ----------------------- 28
3.2.
Resultados dos Inquéritos aplicados
aos professores --------------- 34
3.3.
Resultados dos Inquéritos aplicados
aos agentes culturais -------- 40
3.4.
Resultados dos Inquéritos aplicados às
autoridades Tradicionais---
---------------------------------------------------------------------------------------------
45
3.5.
Propostas Metodológicas para a inclusão
dos Ondjangos no processo de Ensino-Aprendizagem da História de Angola
---------- 50
3.5.1. Sugestões
Metodológicas ------------------------------------------------------- 51
3.5.2. Fundamentação
Metodológica ------------------------------------------------- 51
3.5.3. Sistema
de Objectivos ------------------------------------------------------------ 55
3.5.4. Acções
a Desencadear Pelos Professores com vista a Actualização dos Conteúdos a Contribuir
para o Conhecimento do Tema Pelos Estudantes ----------------------------------------------------------------------------
57
3.5.5. Sistema
de Trabalho do Colectivo Docente para Atingir o Modo de Actuação Que Propicie O
Desenvolvimento deste Tema ------------- 57
3.5.6. Sistema
de Habilidades Que os Estudantes Devem Atingir ao Terminar O Ano Lectivo,
Relativamente ao Tema ----------------------- 58
3.5.7. Sistema
de Valores ---------------------------------------------------------------- 58
3.5.8. Sistema de Métodos
--------------------------------------------------------------- 59
3.5.9. Forma de Ensino
------------------------------------------------------------------- 63
3.5.10.Sistema
de Meios de Ensino ------------------------------------------ 64
3.5.11.Sistema de Avaliação
---------------------------------------------------- 64
IV.
CONCLUSÕES ---------------------------------------------------------------------------
66
V. RECOMENDAÇÕES ---------------------------------------------------------------------
67
VI. BIBLIOGRAFIA
--------------------------------------------------------------------------- 68
VII. ANEXOS
------------------------------------------------------------------------------------
I. INTRODUÇÃO
Todas e quaisquer sociedade são
construídas com base na afirmação de uma identidade assente nos pilares do
vasto mosaico cultural que as compõem. Para que tal afirmação seja consciente,
activa e sustentável, é necessária a transmissão de valores inerentes ao
conhecimento e preservação da História local, construção e afirmação da
identidade cultural de geração em geração.
Preocupados com a realidade sobre o fraco
conhecimento da História de Angola e da fraca afirmação da identidade cultural
angolana no seio de Jovens nos municípios do Lobito e Bocoio; avaliando a
situação actual dos espaços e locais de transmissão e partilha dos
conhecimentos sobre a História Local, bem como a fraca contribuição dos jovens
cidadãos no desenvolvimento social, económico e cultural dos municípios em referências.
Sentimos que urge a necessidade de se resgatar uma das mais importantes instituições
do poder tradicional e espaço de partilha de conhecimentos e resolução de
conflitos comunitários.
Os Ondjangos, como espaços multi-institucionais
presentes em quase todas as comunidades quer urbanas, periurbanas e Rurais da República
de Angola e em particular da Província de Benguela, podem desempenhar um papel
relevante no reforço da afirmação da identidade cultural nacional através do
ensino “aberto” da História de Angola no seio dos cidadãos dos Municípios do
Lobito e Bocoio.
Numa época em que a globalização é má interpretada
(como sendo largar o que é nosso e assumir o que é dos outros), a crise na
afirmação da identidade cultural nacional é algo que preocupa e deve preocupar
qualquer investigador social. Tal como afirmado pelo sindicalista e jornalista
afro Jamaicano, Marcus Mosiah Garvey “Um
povo que não conhece o seu passado histórico é como uma árvore sem raízes e jamais
será afirmada a sua identidade cultural”.
Madiba[1] em
seu Arquivo Íntimo espelhou o seu respeito e a influência positiva que a escola
tradicional (Ondjango) teve em toda sua vida de líder e cidadão de uma nação
devastada pelo separatismo racial e da multiculturalidade que a compõe.
“A Civilização Ocidental não apagou
inteiramente a minha educação africana e não esqueci os dias da minha infância
em que costumávamos juntar-nos à volta dos anciões da comunidade para ouvir os
seus relatos plenos de sabedoria e experiência. Era esse o hábito dos nossos
antepassados e da escola tradicional em que fomos educados”.
Diante
de uma grande responsabilidade de salvaguarda da identidade cultural dos povos
da República de Angola, o Dr. António Agostinho Neto primeiro Presidente da
República Popular de Angola num dos seus discursos políticos na Fabrica de
Tecidos TEXTANG I em Luanda 1977 disse: “A
cultura angolana é africana, é, sobretudo angolana, desenvolver a cultura não
significa submetê-la a outras”.
Recorremos
ainda a Paulo Freire que afirma que, “O
fim último da educação não é formar cidadãos que reproduzam o que outros já
fizeram, mas sim cidadãos que inovam para o progresso”
Até então a disciplina de história
quanto a história de Angola baseou-se essencialmente nos conteúdos produzidos
por estudiosos com influência colonial, dali que, muitos aspectos da nossa
história sócio cultural têm sido refutados com objectivos de se limitar a
participação activa dos jovens estudantes na vida pública e política do país. Desse
modo, vamos assistindo debates televisivos abordando a preocupação da
participação dos jovens na vida pública e politica, a necessidade dos Ondjangos
para educação cívica e transmissão de valores sócio culturais locais aos jovens
cidadãos;
Queremos
aqui com estas reflexões, chamar atenção de que para se ser um cidadão
patriota, consciente de suas responsabilidades políticas e sociais há que se
ter em conta de onde viemos para percebermos onde estamos e perspetivarmos onde
iremos.
Com este trabalho pretendemos dar o
nosso modesto contributo como cidadãos preocupados com o fraco desempenho
social, cultural e económico dos jovens na província de Benguela, trazendo ao
público a análise da real situação dos Ondjangos e a sua relação com o cidadão
na formação de valores através do ensino da História Local.
JUSTIFICAÇÃO
E IMPORTÂNCIA DO TEMA
Quando nos propusemos a abordar sobre
este tema, não foi por mero impulso ou vontade de confundir a sociedade, mas
sim, pela necessidade de reforçar a abordagem sobre a afirmação da identidade
cultural nacional; a preocupação com desaparecimento dos Ondjangos como
estruturas e espaços multi-institucionais das comunidades tradicionais de
Angola; a preocupação de contribuir para minimizar o deficit metodológico do
ensino da história de Angola; refletindo sobre a necessidade de preservação do
patrimônio cultural nacional; em fim, a vontade de contribuir para a inclusão e
reconhecimento social do papel dos Ondjangos no processo de ensino –
aprendizagem da História de Angola, reforçando a afirmação da identidade
cultural nacional.
O papel dos Ondjangos na afirmação da
identidade cultural nacional: Um contributo para o processo de
ensino-aprendizagem da história de Angola na 10ª classe das escolas de Formação
de Professores e do II ciclo do Ensino Secundário nos Municípios de Lobito e
Bocoio é uma questão de valorização do patrimônio cultural Imaterial angolano.
Nos últimos anos é notório a perca de
valores e de solidariedade no seio dos jovens cidadãos na província de Benguela
em geral e nos municípios do Bocoio e Lobito em particular, o que tem
contribuído para a fraca afirmação da identidade cultural nacional.
Se no passado os Ondjangos
desempenhavam um papel multi-institucional nas comunidades africanas, hoje, é
notório servirem de espaços limitados a julgamentos de alguns casos simples e
poucas vezes relevantes à vida da comunidade. O carácter educativo dos
Ondjangos e o conhecimento da história de Angola estão a ser banalizado e
colocado no esquecimento. Dali que, leva-nos a uma reflexão profunda sobre o
resgate dos valores e do patrimônio cultural nacional.
DESENHO TEÓRICO
Linha de Investigação
Formação de valores
através do ensino da História.
Problema Científico
Como os Ondjangos podem
contribuir para o reforço da afirmação da identidade cultural nacional através
do processo de ensino-aprendizagem da história de Angola?
Perguntas de Investigação
- Qual
é o estado atual do papel dos Ondjangos no ensino da história local?
- Qual
é a importância dos Ondjangos para a Sociedade?
- Como
os cidadãos interagem com os Ondjangos atualmente?
- Que metodologia
aplicar para o envolvimento dos Ondjangos no processo de ensino –
aprendizagem da história de Angola?
Objetivo Geral
Contribuir para o reforço
na afirmação da identidade cultural nacional através da valorização do papel
dos Ondjangos no processo de ensino-aprendizagem da história de Angola.
Objectivos Específicos
- Diagnosticar o estado do ensino da história de
Angola, relativamente ao papel dos Ondjangos na afirmação da identidade
cultural nacional;
- Demonstrar a importância que os Ondjangos têm para a
Sociedade Benguelense;
- Fundamentar o papel dos Ondjangos no reforço da
afirmação da identidade cultural nacional;
- Determinar metodologias que permitam a valorização e
utilização dos Ondjangos no processo de ensino-aprendizagem da história de
Angola.
Objecto da Investigação
Papel dos Ondjangos no Processo de
Ensino-Aprendizagem da História de Angola.
Objetivo da investigação
Contribuir para o reforço na
afirmação da Identidade Cultural Nacional, através do reconhecimento do papel
dos Ondjangos no processo de ensino-aprendizagem da História de Angola.
Campo de Acção
Os Ondjangos nos Municípios de Lobito e Bocoio.
Variáveis
Independente:
valorização do papel
dos Ondjangos na afirmação da identidade cultural nacional através do processo
de ensino-aprendizagem da disciplina de História nos municípios do Lobito e
Bocoio;
Dependente:
promoção de cidadãos
cada vez mais partícipes no desenvolvimento social, económico e cultural local.
Métodos e Técnicas
Empregues
Métodos
Teóricos



Dedução tem propósito de
explicar o conteúdo das premissas. Os argumentos dedutivos sacrificam a
ampliação do conteúdo para atingir a certeza.
Métodos
Empíricos




Tipos de Investigação
O tipo de Investigação
utilizada no nosso trabalho é a Exploratória-Descritiva: porque os estudos Exploratório-Descritivos combinados segundo Tripodi et al. (1975:42-71)
são estudos que têm por objectivo descrever completamente determinado fenômeno,
como, por exemplo, o estudo de um caso para o qual são realizadas análises
empíricas e teóricas. Podem ser encontradas tanto descrições quantitativas e ou
qualitativas quanto acumulação de informações detalhadas como obtidas por
intermédio da observação participante. Dá-se precedência ao carácter
representativo sistemático e, em consequência, os procedimentos de amostragem
são flexíveis [2]
Princípios de Investigação
Os princípios aplicados são:


Paradigma

POPULAÇÃO
E AMOSTRA
1- A
População envolvida no problema à investigar é formada por estudantes,
professores de História, agentes culturais e autoridades tradicionais dos
municípios do Lobito e Bocoio;
2- A Amostra é constituída por indivíduos
e grupos representativos escolhidos de forma aleatória nos municípios do Lobito
e Bocoio num universo de 150 pessoas.
Dados sócios demográficos:
Unidade
de observação
|
Sexo
|
Idade
|
|
População de dois municípios da
Província de Benguela: Bocoio e Lobito.
|
M
|
F
|
15-80
|
Designação
|
População
|
Amostra
|
|
Professores de História
|
10
|
5
|
|
Estudantes
|
100
|
54
|
|
Agentes Culturais
|
30
|
10
|
|
Autoridades Tradicionais
|
10
|
5
|
|
Total
Geral
|
150
|
74
|
|
NOVIDADE
CIENTÍFICA


DEFINIÇÃO
DE TERMOS

Ondjango é uma palavra
derivada da língua nacional Umbundu – é composta pelo prefixo ondjo
(significando-Casa) e o sufixo ohango (significando diálogo, conversa). Assim
sendo, Ondjango é traduzido para a língua portuguesa como sendo a casa do
diálogo ou da conversa, independentemente do assunto a ser abordado na
comunidade.



CAPITULO
I – O PAPEL DOS ONDJANGOS NA AFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL NACIONAL ATRAVÉS
DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA HISTÓRIA DE ANGOLA.
As sociedades tradicionais africanas
sempre tiveram suas próprias formas de ser e estar, baseadas no bem comum. Com
o surgimento do sistema esclavagista e colonialista foram se perdendo os
valores, hábitos e costumes dos povos encontrados e subjugados. Angola não é
excepção, já que foi colônia portuguesa, os seus povos compostos por um
diversificado mosaico cultural, viram-se espoliados da sua herança cultural em
detrimento da política de assimilação sociocultural colonialista eurocêntrica.
Com o processo de colonização no
continente africano, em Angola em particular, foram banidas as instituições
tradicionais do poder local e alterada a estrutura organizativa comunitária dos
povos colonizados. Dali que, hoje nota-se em África uma crescente cultura de
assimilação social de hábitos e costumes que em nada abonam positivamente para
o crescimento econômico, social e cultural dos povos africanos.
O ensino em África durante e depois do
colonialismo continua a ser baseado na visão eurocêntrica do Mundo e raras
vezes são tidos ou achados os conhecimentos baseados na mundivisão africana.
Por este motivo, a questão da identidade cultural em Angola é encarada como
sendo ainda um assunto elitista (dos acadêmicos) e de responsabilidade
governativa.
1.1. AS
VÁRIAS TEORIAS E O CONTEXTO DOS ONDJANGOS.
O conceito de ondjango remete-nos a
uma indagação profunda da pronúncia ao significado sócio-cultural, dali que a
definição que trouxemos neste estudo baseia-se essencialmente na região
Centro-sul de Angola, apesar da sua presença se fazer sentir na maior parte da
África subsahariana.
Ondjango é uma palavra derivada da
língua nacional Umbundu. É composta pelo prefixo ondjo (significando – Casa) e
o sufixo ohango (significando diálogo, conversa). Assim sendo, Ondjango é
traduzido para a língua portuguesa como sendo a casa do diálogo ou da conversa,
independentemente do assunto a ser abordado na comunidade.
Da realidade da África subsahariana,
afirmamos que os povos africanos ao sul do sahara incluindo Angola, têm no
Ondjango e no Otchiwo formas peculiares de organização comunitária, contrapondo
ao modelo colonial e opressor que tanto Angola como outros países africanos
sofreram/viveram durante anos. As expressões ondjango e otchiwo são do uso
ordinário e originário de Angola, essencialmente do centro sul do país. São
instituições com formatos de pequenos parlamentos, escolas e tribunais. É
através destes espaços tradicionais (do Ondjango e Otchiwo) que as sociedades
africanas constituíam-se democraticamente, ou seja, formas de vivências
democráticas.
Ondjango remete-nos a realidade de
casa, da casa da conversa, de reunião, de hospedagem, de partilha de
bens/refeição, serviços, de educação, de iniciação sociocultural, de
entretenimento e ou de justiça. É uma casa ponto de partida e de confluência,
casa de reunião junto dos mais velhos enfim lugar de encontro.
Enquanto realidade física, o Ondjango
é uma construção de pau-a-pique em forma circular, sem paredes, encoberta de
capim, ou localizado sob uma árvore frondosa de grandes sombras, onde todos os
homens e mulheres se sentavam para que o Ohango (diálogo) se tornasse
realidade. A vida comunitária iniciava no Ondjango e culminava no Ondjango, que
incluía «Ulonga» (relato da vida desde o encontro anterior); «elongiso»
(ensinamento e aprendizado); «Ekuta» (partilha de bens alimentares);
«Ekanga, okusomba, okusombisa» (reunião para fazer justiça e sentenciar, punir
ou absolver o arguido); «Okupapala» (encontro de entretenimento, festas e
danças culturais e tradicionais, conforme a situação vivida no momento: morte,
nascimento, casamento, iniciação sócio cultural e comunitária, acolhimento de
visitas); «Ekongelo» (reunião de caráter deliberativo); «Ondjuluka» (encontro
para organizar um mutirão comunitário a favor de alguém da comunidade em
situação de doença, problema socioeconômico, intervenção de ajuda na lavoura) ou
seja o Ondjango é um lugar comunal (vital), onde instituem as relações de
convívio geo-histórico, econômico, sociocultural, político em vista do bem
comunitário.
Por isso, o Ondjango estava
habitualmente localizado numa área considerada espaço de todos os residentes da
comunidade, lugar de respeito quase sagrado, e era da consciência da comunidade
ser aquele o centro da vida comunitária; da aldeia; o centro onde passava e
dimanava a corrente vital do clã, da aldeia de onde fluía o respeito e as decisões
substantivas em prol da comunidade. É a casa da conversa, da discussão e de
resolução dos vitais assuntos da vida comunitária.
O Ondjango tem a sua constituição
semelhante ao círculo de cultura onde ninguém exerce o papel de professor, mas
de orientador ou coordenador do diálogo sem abandonar a diretividade, assim
como reconhecemos. O orientador do Ondjango é alguém com experiência vital
normalmente um Ancião.
O importante é que tanto no Ondjango
quanto nos círculos de cultura ninguém pensa sonzinho, pensa-se com os outros,
para participar da conversa dialogal com todos e entre todos.[4]
Pode-se aqui afirmar que, os Ondjangos
enquanto espaços comunais são e devem ser o local de partilha dos assuntos
relevantes a Vida comunitária, bem como a grande escola de aprendizagem dos
valores, hábitos e costumes e reforço da afirmação da identidade cultural
Local.
Somos apologistas de que, a máxima que
diz “devemos pensar global para agir local” deve ser neste contexto alterada
para “devemos agir local para desenvolver global”. Já que para nós, os jovens cidadãos
que são o baluarte do pregresso sustentável de qualquer sociedade e devem
primeiramente aprender a história da sua existência e do seu habitat, de formas
a contribuírem conscientemente para o bem comum do espaço em que estão inseridos,
só assim teremos cidadãos verdadeiramente nacionalistas e patriotas. Caso
contrário, continuaremos a vivenciar a degradação do patrimônio cultural
nacional, a falta de solidariedade entre os cidadãos, fraco ou nenhum
conhecimento sobre a cultura local por parte das gerações jovens e o descalabro
dos valores culturais positivos dos povos dos da República de Angola.
1.2. INCURSÃO
AO CONCEITO DE IDENTIDADE CULTURAL
O aparecimento de qualquer individuo
numa sociedade, trás sempre questões pertinentes como: quem é ele? De onde vem?
Qual é o seu nome? Tudo isso para permitir melhor socialização e aceitação do
individuo no seio do grupo em que se encontra.
O nome, a origem e os parentescos
(progenitores e raízes genealógicas) de qualquer pessoa, surgem em primeiro
lugar quando se pretende identificar o sujeito em questão. Mas estes
pressupostos não caminham sós, por serem traços de identidade que associados a
região, religião, tribo e ou até etnia formam a identidade cultural do
individuo e do grupo a que pertence.
Henriques Abranches em sua obra
“Identidade e Património Cultural” (1989) diz que, “esta questão parece pertinente, não porque lhe faltam respostas, mas
porque é preciso lançar dúvidas sobre a maioria dessas respostas pelo menos é
preciso esvaziar certas concepções de carga ideológicas que se transportam, por
vezes como postiços. É ainda necessário libertar a super estrutura cultural dos
nossos dias, de um pouco por toda a parte das suas amarras à época resolvida do
colonialismo; a época em que a civilização deveria ser francesa, inglesa ou
portuguesa, estando o resto do mundo estrangeiro a estes polos de magnificência,
mergulhado na mais negra e mesmo fatal obscuridade. Era também a época em que as
potências colonizadoras se tinham auto atribuído uma vocação civilizadora em
benefício dos povos infelizes e desprovidos de História, da África, da Ásia ou
da Oceania”.[5]
Stuart Hall traz-nos a afirmação de
que: “é cada vez mais fácil abordar sobre
a identidade cultural dos povos que se estabeleceu a um nível determinado de
consciência social dos indivíduos assim como o papel dos museus na tomada de
consciência através da procura da identidade cultural nacional, no entanto, é
cada vez menos fácil referir-se a identidade cultural dos povos com um mínimo
de originalidade”.
A
questão da identidade cultural está ainda sendo discutida na teoria social. Em
essência, o argumento é seguinte: as velhas identidades, que por tanto tempo
estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazem surgir novas identidades
e fragmentando o indivíduo moderno, até então visto como um sujeito unificado.
A
chamada crise de identidade é vista como parte de um processo mais amplo de
mudanças, que está deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades
modernas e abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos uma
ancoragem (segurança) estável no mundo social.[6]
Ainda Stuart Hall citando Kobena
Mercer, observa que “a identidade
cultural somente se torna uma questão quando está em crise, quando algo que se
supõe fixo, coerente e estável é deslocado pela experiência da duvida e da
incerteza”. [7]
Esta perda de um sentido de si estável
é chamada, algumas vezes de deslocamento ou desconcentração dos sujeitos. Esse
duplo deslocamento – desconcentração dos indivíduos tanto do seu lugar no mundo
social e cultural, quanto de si mesmo, constitui crise de identidade para o
individuo.
De acordo com esta visão que se tornou
a concepção sociológica clássica da questão, a identidade é formada na
interação entre o eu e a sociedade.
O sujeito ainda tem um núcleo ou
essência interior que é o «eu real», mas este é formado e modificado num diálogo
contínuo com os mundos culturais exteriores e as identidades que esses mundos
oferecem. A identidade nessa concepção sociológica preenche o espaço entre o
interior e o exterior, entre o mundo pessoal e o mundo público. O facto de que
projectamos a nós próprios nessas identidades culturais, ao mesmo tempo em que
internalizamos seus significados e valores tornando-os parte de nós, contribui
para alinhar nossos sentimentos subjectivos com os lugares objectivos que
ocupamos no mundo social e cultural. A identidade, então junta o sujeito a
estrutura, estabiliza tanto os sujeitos quanto os mundos culturais que eles
habitam, tornando ambos reciprocamente mais unificados e predizíveis.
Recorrendo ainda a Armindo Jaime Gomes
(ArJaGo) em sua obra “ Epata L’usomá (1999), afirma que, “apesar de reconhecer que o povoamento de Angola não foi feito em
simultâneo com a penetração portuguesa, por uma questão estratégica, muniram-se
de instrumentos ideológicos, usando realidade mal identificadas por eles, a fim
de demonstrar ao homem encontrado que este não seria o que é se não fosse a
presença do europeu. Aqui, de facto, reside o verdadeiro carácter eurocêntrico
do qual se desenvolveu o espírito de superioridade das raças entre os europeus
e africanos. Infelizmente esta mensagem tão comprometedora, foi grande parte,
muito bem assimilada nas camadas urbanas de quase todo país com maior
incidência na orla litoral onde nós fizemos parte e, hoje, ainda continua
defendida por muitos angolanos, porque geralmente os maiores manipuladores
ideológicos são, em grande parte os melhores esclarecidos sobre a realidade
sociocultural. Se o colonialismo preocupara-se com a preparação ideológica do
angolano para este acreditar na sua “incapacidade de viver colonizando o
Khói-San, sem a colonização do português, método esse que foi obra de todo um
processo pedagógico ministrado pela escola com o apoio da imprensa, por
exemplo, agora que somos independentes, a escola omitiu todo e qualquer assunto
sério ligado ao passado local dando primazia ao estudo do conhecimento da
realidade histórica alheia que, como processo pedagógico, a ninguém mais interessa
enquanto a imprensa oficial passou para assuntos políticos militares para
enfatizar a antiga ideia eurocêntrica de como “não foram logo afortunados os
Bantu no domínio de interesses pelo seu bem estar individual e coletivo”.
Ao angolano, particularmente ao
benguelense, se quisermos nos afirmar na nossa identidade CULTURAL, resta um
grande desafio. Desafio este que dispensa “os valores dos capacitados” porque a
atual realidade demonstra muito bem que aqueles que podem fazer por nós não
querem e nem deixam, e os que querem não podem porque estão montados os grandes
obstáculos que unidos podem muito bem ser derrotados.[8]
[1]
Nelson Mandela, Estadista Sul Africano 1994-98 e Lider da Luta Anti Aparthaide
1960-2013.
[3]
Dicionário fundamental de língua portuguesa, texto editores – Angola, 1ª
edição, Abril 2012, p. 491.
[4]
Ghiggi, Gomercindo e Kavava, Martinho, “Otchiwo, Ondjango e círculos de
cultura: das praticas de resistência a constituição da educação libertadora.
Diálogos Angola/Brasil”, círculos sem Fronteiras, v. 12, n. 2, p. 364-375,
maio/agosto 2012
[5]
Abranches, Henriques, identidade e património cultural, edições ASA/União dos
Escritores Angolanos 1989 p. 51.
[6]
Hall, Stuart “identidade Cultural da Pós Modernidade” p. 9, 10ª edição, 1990,
DP&A editora
[7]
Ibdem.
[8]
Gomes, Armindo Jaime “Epàtá L’usòmá” apontamentos Étno-Históricos Ovimbundu,
NNARP (Núcleo Nacional de Recolhas e Pesquisas Tradicionais Orais) Benguela
1999. pp 25-27.
Publicada por
CRB-Círculo Rastafari de Benguela
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quarta-feira, setembro 07, 2016
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